sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

O MOTIVO DA VITÓRIA NAS BATALHAS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ MIKETZ E CHANUKÁ 5785

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PARASHÁ MIKETZ 5785



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Ayn Tová
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MENSAGEM DE CHANUKA

ASSUNTOS DA PARASHÁ MIKETZ
  • Os dois sonhos do Faraó.
  • Yossef é chamado para interpretar os sonhos.
  • Yossef se torna o vice rei.
  • Yossef se casa com Osnat.
  • A estratégia de Yossef é implantada no Egito.
  • Yossef tem dois filhos: Efraim e Menashé.
  • Começam os anos de fome no Egito.
  • Yaacov manda seus filhos aos Egito.
  • Yossef reconhece seus irmãos, mas eles não o reconhecem.
  • Yossef acusa os irmãos de serem espiões.
  • Os irmãos de Yossef se arrependem.
  • Yossef prende Shimon e exige a vinda de Biniamin.
  • Yaacov se recusa a enviar Biniamin.
  • A fome continua e Yaacov é obrigado a enviar Biniamin.
  • Yossef testa seus irmãos e esconde cálice de prata na sacola de Biniamin.
  • Biniamin é acusado de roubo e condenado a virar escravo.
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O MOTIVO DA VITÓRIA NAS BATALHAS - PARASHÁ MIKETZ E CHANUKÁ 5785 (27/dez/24)
 
"Na época em que a Rússia ocupou a Romênia, havia um grupo de pessoas na Romênia, conhecidos como "Escapa fronteiras", que ajudavam pessoas que queriam fugir. Certa vez Yankele, um judeu muito puro, com muito temor a D'us, se uniu ao grupo. Eles determinaram o dia em que tentariam escapar, e este dia coincidia com o quarto dia de Chanuka. Durante a noite, o grupo entrou no bosque e o chefe pediu para que não fizessem barulho, para que os soldados russos não os descobrissem. O perigo era real e todos tremiam de medo.

No meio da madrugada, Yankele pediu ao chefe do grupo permissão para acender a Chanukia, mas este obviamente negou, pois a luz chamaria a atenção dos russos. Eles continuaram caminhando na escuridão, até que chegaram a algumas ruinas, onde pararam para descansar um pouco. Yankele então aproveitou para pegar quatro velas e as acendeu. Depois de alguns minutos apareceu um policial russo, atraído pelas luzes, e pediu a todos que levantassem as mãos. Todos tremiam, entendendo que estavam próximos de uma morte cruel, e tudo por culpa daquele judeu e das velas de Chanuka! Porém, alguns minutos depois, o policial ordenou que todos abaixassem as mãos e distribuiu uma bebida forte para que todos se esquentassem. Em seguida lhes disse:

- Atrás de mim tem um grupo de soldados russos que está perseguindo vocês por todo o caminho, esperando uma oportunidade para matar vocês. Porém, quando vi um judeu acendendo as velas de Chanuka, comecei a tremer. Me lembrei que 25 anos atrás meu pai também acendia a Chanukia, e me enchi de misericórdia. Por isso, vão embora e salvem a vida de vocês".

Desta história incrível podemos aprender duas importantes lições. Primeiro, sobre a grandeza das velas de Chanuka. Apesar de 25 anos de comunismo e escuridão, as velas de Chanuka conseguiram despertar o coração adormecido de um judeu, pois cada Mitzvá deixa uma marca no nosso coração. Além disso, a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, estão apenas nas mãos de D'us. Quanto mais fazemos a vontade Dele, maior a chance de termos sucesso em tudo o que fazemos, tanto nas grandes guerras quanto nas pequenas lutas do nosso dia a dia.
 

Nesta semana lemos a Parashá Miketz (literalmente "Ao final de"), que continua descrevendo a saga de Yossef. Após ter sido falsamente acusado e jogado na prisão, ele conheceu o padeiro-chefe e o copeiro-chefe, pessoas que serviam pessoalmente o Faraó. Eles tiveram sonhos e Yossef os interpretou de forma precisa. No início da nossa Parashá foi a vez do próprio Faraó ter um sonho enigmático, que tirou a sua paz. Então Yossef foi lembrado pelo copeiro-chefe, e esta foi a "escada" para Yossef sair da prisão e se tornar o vice-rei do Egito. Quando tudo parecia perdido, D'us salvou Yossef em um piscar de olhos, da prisão para a liberdade, da escuridão para a luz.
 
Esta Parashá sempre é lida na época da Festa de Chanuka, quando revivemos a vitória militar dos judeus diante dos gregos, o maior império da época. Era também uma época de muita escuridão, quando tudo parecia perdido, mas novamente D'us fez o improvável acontecer. Este grande milagre é mencionado no texto do "Al HaNissim", acrescentado à nossa Amidá durante todos os dias de Chanuka. A vitória extraordinária e notável é descrita assim: "Os fortes foram entregues nas mãos dos fracos, os muitos nas mãos dos poucos". Isso descreve bem o tamanho do milagre, da quebra das leis da natureza, pois o normal é os muitos vencerem os poucos e os fortes vencerem os fracos. Em Chanuka, apesar de todas as condições serem desfavoráveis, o oposto aconteceu. A continuação do texto, no entanto, não parece estar tão logicamente conectada ao milagre da vitória: "os impuros nas mãos dos puros, os perversos nas mãos dos justos, e os transgressores nas mãos dos que se ocupam com a Sua Torá". Por que isso seria um milagre? O que os Anshei Knesset HaGuedolá, que fixaram esta Tefilá, estão nos transmitindo?
 
Todos os dias dizemos no Shemá Israel: "Não siga seus corações e seus olhos, atrás dos quais vocês se desviam" (Bamidbar 15:39). A Torá não está falando apenas sobre o cuidado com os olhos, para não olharmos coisas proibidas. A Torá também está nos transmitindo que o mundo material nos ilude, nos faz esquecer que há espiritualidade por trás dos acontecimentos, que há a Mão de D'us em cada detalhe. Os nossos olhos nos enganam, nos fazem acreditar que a vida é apenas o que enxergamos, sem perceber o que há por trás.
 
Explica o Rav Yssocher Frand que os nossos sábios estavam explicando que a derrota dos "fortes nas mãos dos fracos" e dos "muitos nas mãos dos poucos" não foram acontecimentos sem uma motivação espiritual. A vitória dos poucos e fracos somente foi alcançada pelo fato de "os transgressores nas mãos dos que se ocupam com a Sua Torá". Quando há pessoas sentadas e estudando Torá, o exército que está na batalha pode ser vitorioso. O exército judaico nunca vence por força, poder, inteligência, estratégia superior ou armas de alta tecnologia. O fator determinante é que os transgressores são entregues àqueles que se ocupam com a Torá.
 
Esta é a chave para toda vitória militar do povo judeu. A vitória sempre foi única e exclusivamente por causa daqueles que se dedicam ao estudo. Isso está na nossa Torá. Quando Yaacov entrou antes de Essav para receber a Brachá de primogenitura, ele colocou sobre seus braços a pele de um animal, caso Ytzchak, que já estava cego, o apalpasse, o que realmente aconteceu. Ytzchak ficou confuso e disse: "A voz é a voz de Yaakov, mas as mãos são as mãos de Essav" (Bereshit 27:22). Há um entendimento mais profundo nestas palavras. As mãos, isto é, a força na guerra, foi dada a Essav e seus descendentes. Já a voz, isto é, a força da Tefilá e do estudo da Torá, foi dada a Yaacov e seus descendentes. Por que as duas informações foram transmitidas juntas? Para nos ensinar que, se os estudantes se engajarem no estudo de Torá com suas vozes, então os judeus serão intocáveis, mas caso contrário, estarão vulneráveis diante da força militar dos seus inimigos.
 
Assim começou a história militar judaica. A primeira batalha na qual o povo judeu se envolveu ao chegar à Terra de Israel foi a contra a cidade de Yerichó. Na noite anterior à batalha, um anjo de D'us apareceu a Yehoshua, disfarçado como um general que vinha com uma espada desembainhada. Uma famosa passagem do Talmud (Meguila 3a) descreve o diálogo entre os dois. O anjo acusou Yehoshua de ter negligenciado duas importantes Mitzvót. Uma foi que, por causa dos preparativos para a guerra, ele havia deixado de oferecer o Korban Tamid da tarde. Além disso, naquela noite, em sua preocupação com o ataque, Yehoshua havia negligenciado seu estudo de Torá. Yehoshua perguntou por qual das duas transgressões o anjo havia sido enviado para repreendê-lo, e o anjo respondeu que era pela transgressão de ter negligenciado o estudo da Torá. Imediatamente Yehoshua se arrependeu de seu erro e passou aquela noite toda em um profundo estudo de Torá.
 
O Rav Eliyahu Lopian zt"l (Polônia, 1876 - Israel, 1970) comenta que o anjo aparentemente veio com o disfarce errado. Se ele estava vindo criticar a falta de constância no estudo da Torá, deveria ter aparecido como um Rosh Yeshivá. Generais não criticam a falta de estudo de Torá. Então por que o anjo veio como um general? A resposta é que a mensagem do general era: "Eu quero lutar com sucesso esta batalha. Mas, para que eu seja bem-sucedido, preciso que as 'tropas espirituais' estejam estudando. Se vocês não estiverem estudando, não há maneira de termos sucesso no campo de batalha". E, realmente, as muralhas de Yerichó caíram de forma milagrosa.
 
Em outro exemplo, houve uma batalha em que Sancheriv, rei da Assíria, sitiou Jerusalém. Todos judeus pensaram que era uma causa perdida, pois não tinham força militar para impedir a invasão dos poderosos assírios. Porém, no meio da noite, algo milagroso aconteceu. Sem a necessidade de o povo judeu levantar uma única espada, todo o exército de Sancheriv foi dizimado por um anjo de D'us. Ao amanhecer, o povo judeu percebeu que todos do acampamento militar dos assírios estavam mortos. Mas o que causou este milagre tão grande?
 
O Talmud (Sanhedrin 94b) explica que havia algo único naquela geração, a geração do rei Chizkiyahu. O rei havia colocado uma espada na entrada do Beit Midrash e proclamado: "Quem não se ocupar com a Torá será perfurado pela espada. Ou estuda, ou enfrenta a espada". Eles investigaram de Dan, ao norte, até Beer Sheva, ao sul, e não encontraram um único judeu que era ignorante em Torá. Verificaram desde Guivat a Antipras e não encontraram nenhum menino, menina, homem ou mulher que não fossem bem versados nas complexas leis de pureza ritual. Isso demonstra que quando os judeus estão firmes no estudo da Torá, não precisam nem mesmo lutar as batalhas físicas. Os que se ocupam com a Torá são os que fazem a vitória acontecer. Esse foi o milagre de Chanuká, essa foi a luta de Yehoshua em Yerichó, essa foi a luta do rei Chizkiyahu contra Sencheriv. E essa tem sido a história de todas as vitórias militares judaicas desde tempos imemoriais.
 
Estamos novamente no meio de uma terrível guerra, com centenas de mortos e feridos. Estamos diante de inimigos cruéis, tanto nos métodos para matar, torturar e humilhar os judeus, quanto na disseminação de "fake-news" com o intuito de transformar os judeus em vilões, causando uma terrível onda global de antissemitismo. O exército tem dado a vida para proteger o povo judeu, mas não podemos esquecer que a vitória final está no poder do nosso estudo de Torá. Muitos pensam: "Mas se pessoas estiverem estudando Torá, isso vai enfraquecer o nosso exército!". A lógica parece verdadeira, mas se levarmos em conta apenas o mundo material. Na história de Yankele, o judeu da Romênia, o acendimento da Chanukiá parecia ser o motivo da morte de todo o grupo, mas tornou-se a causa de sua salvação. Assim também nas nossas guerras, quanto mais judeus estiverem se dedicando ao estudo da Torá, maior a possibilidade de vencermos.
 
Queremos a paz, queremos nossos irmãos sequestrados de volta. Nesta guerra, cada judeu pode ajudar. Mesmo nas férias, devemos fixar tempos de estudo de Torá. Que Chanuka possa nos inspirar a dedicarmos mais tempo à nossa espiritualidade. Somente assim venceremos as guerras e alcançaremos a tão sonhada paz.

SHABAT SHALOM E CHANUKA SAMEACH

 R' Efraim Birbojm

 

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

RESPEITANDO O PRÓXIMO E D’US - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VAIESHEV E CHANUKÁ 5785

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PARASHÁ VAIESHEV 5785



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ASSUNTOS DA PARASHÁ VAIESHEV
  • Yaacov se assentou em Eretz Knaan.
  • Yossef fala mal dos irmãos.
  • 2 sonhos de Yossef: trigos e estrelas.
  • Yossef sai para procurar seus irmãos, a pedido de Yaacov, e encontra homem no caminho.
  • Irmãos de Yossef querem matá-lo.
  • Por sugestão de Reuven, Yossef é jogado no poço.
  • Reuven se ausenta.
  • Por sugestão de Yehudá, Yossef é vendido como escravo e levado ao Egito em caravana de especiarias.
  • Yehudá e Tamar.
  • Yossef é vendido ao Potifar.
  • A esposa do Potifar e a tentação de Yossef.
  • Yossef é enviado para a prisão.
  • Yossef interpreta os sonhos dos dois prisioneiros.
  • A interpretação de Yossef se cumpre.
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RESPEITANDO O PRÓXIMO E D'US - PARASHÁ VAIESHEV E CHANUKÁ 5785 (20/dez/24)
 
Um jovem soldado dos Estados Unidos, de sobrenome Winneger, estava com o exército americano quando eles marcharam sobre a Europa no final da Segunda Guerra Mundial. Sua unidade havia sido designada para procurar por nazistas escondidos e ajudar e proteger os moradores de um vilarejo. Certa noite, quando Winneger estava de patrulha, ele viu alguém correndo pelos campos fora do vilarejo. Desconfiado, ele apontou a arma e gritou: "Pare ou eu atiro!".

Porém, a pessoa não parou. Winneger viu quando o vulto se abrigou atrás de uma árvore. Ele ficou esperando, até que finalmente o indivíduo saiu de trás da árvore, pensando que o soldado já havia ido embora, e começou a cavar. Winneger berrou novamente: "Pare ou eu atiro!". Porém, ao invés de se render, a pessoa novamente saiu correndo. Winneger decidiu não atirar, mas perseguiu o fugitivo, provavelmente um nazista. Ele logo alcançou-o e jogou-o no chão. Para a sua enorme surpresa, não era um soldado nazista, e sim um garotinho, que deixou cair de seus braços uma Chanukiá toda enfeitada. Winneger pegou a Chanukiá do chão, mas o menino tentou pegá-la de volta, berrando: "Me dá isso, é meu!". Winneger tranquilizou o menino, assegurando que ele era amigo. Além disso, disse que também era judeu. Porém, o menino, que sobrevivera aos anos do Holocausto e estivera em um Campo de Concentração, não confiava em ninguém de uniforme. Ele fora forçado a assistir à execução de seu pai e não tinha ideia do que havia acontecido com sua mãe.

Nas semanas que se seguiram, Winneger acolheu o menino, chamado David, sob seus cuidados. Conforme eles ficavam mais próximos, o coração do soldado se derretia pelo menino. Ele ofereceu a David a oportunidade de ir para Nova York com ele, para recomeçar a vida, já que o garoto estava sozinho no mundo. David aceitou a proposta e Winneger passou por todo o processo necessário para adotar David oficialmente.

Winneger era muito ativo na comunidade judaica americana. Ele tinha um conhecido que era curador do Museu Judaico de Manhattan. Quando este homem viu a Chanukiá de David, disse que tinha um alto valor histórico e que devia ser compartilhada com toda a comunidade. Ele ofereceu a David 50 mil dólares, uma fortuna! Mas David recusou a generosa oferta, dizendo que aquela Chanukiá estava em sua família há mais de 200 anos e que nenhum dinheiro no mundo o faria vendê-la. Era a única coisa que havia sobrado de lembrança de sua família.

Quando a festa de Chanuká chegou, Winneger e David acenderam a Chanukiá e a colocaram na janela da frente de casa. David subiu para estudar em seu quarto, enquanto Winneger ficou embaixo, na sala onde a luz da Chanukiá brilhava. Foi quando alguém bateu na porta e Winneger foi ver quem era. Do lado de fora estava parada uma mulher, com forte sotaque alemão, que estava caminhando pela rua quando viu a Chanukiá na janela. Ela disse que tinha uma igualzinha na família e que nunca havia visto outra igual. Pediu se podia entrar por um instante para olhar mais de perto. Winneger a convidou a entrar e disse que a Chanukiá pertencia ao seu filho, que talvez poderia lhe contar mais sobre o objeto. Winneger subiu as escadas e pediu a David que descesse para falar com a mulher. E foi assim que David finalmente reencontrou a sua mãe. Um verdadeiro milagre de Chanuká.
 
A bondade de Winneger e a retidão de David despertaram um enorme milagre. Quando fazemos o bem e nos comportamos com retidão, aumentamos nossa conexão com D'us, possibilitando que Sua luz brilhe sobre nós.
 

Nesta semana lemos a Parashá Vaieshev (literalmente "E se estabeleceu"), que começa a descrever em detalhes a vida de Yossef, o filho preferido de Yaacov. Ele passou por muitos altos e baixos na vida, e chegou a ser vendido como escravo ao Egito pelos seus próprios irmãos, mas ainda assim nunca perdeu a Emuná, a certeza de que D'us estava com ele em todos os acontecimentos e que tudo o que acontece é para o bem.
 
No Egito, Yossef foi comprado por um ministro do Faraó, chamado Potifar, e começou a se sobressair na casa dele. Tudo o que Yossef fazia tinha uma Brachá especial de D'us. Além disso, ele demonstrou ser uma pessoa extremamente honesta e confiável, a ponto de o Potifar entregar toda a sua casa nas mãos de Yossef, como está escrito: "Então ele (Potifar) deixou tudo o que tinha nas mãos de Yossef, e ele não sabia nada do que havia com ele, exceto o pão que comia. E Yossef tinha belos traços e uma bela aparência" (Bereshit 39:6).
 
O que significa que Potifar deixou tudo com Yossef, exceto o seu pão? Rashi (França, 1040 - 1105) explica que trata-se de um eufemismo, isto é, a Torá estava se referindo, de uma maneira recatada, à esposa de Potifar. A Torá está nos ensinando que Potifar confiava plenamente em Yossef, apenas pediu para que ele respeitasse sua esposa e nunca o traísse com ela, se aproveitando de sua confiança plena.
 
Mas como a própria Torá descreveu, Yossef era um homem muito bonito e acabou chamando a atenção da esposa do Potifar, que diariamente tentava convencê-lo a ficar com ela. Porém, apesar de ela ser extremamente bonita, Yossef sempre resistia às suas investidas e justificava: "Nesta casa não há ninguém maior do que eu, e ele (Potifar) não me negou nada, exceto você, já que você é a esposa dele. Agora, como posso cometer este grande mal, e pecar contra D'us?" (Bereshit 39:9). A Torá está nos ensinando que Yossef recusou ceder às investidas da esposa do Potifar e explicou a ela por que isso seria errado utilizando dois argumentos: em primeiro lugar, seria uma enorme demonstração de falta de valores morais aproveitar-se da confiança que Potifar, seu mestre, havia depositado nele. Além disso, como o adultério é proibido pelas leis de Bnei Noach, leis universais que se aplicam a todos os seres humanos, ele também estaria transgredindo contra D'us.
 
Porém, a ordem das prioridades de Yossef requer uma explicação. Por que ele menciona primeiro a injustiça contra seu mestre antes de mencionar a transgressão contra D'us? Além disso, o Talmud (Sotá 36b) ensina que Yossef quase cedeu às investidas da esposa de Potifar, e o que o salvou foi ter visto a imagem de seu pai diante dele. Como isso se encaixa com os motivos para não transgredir que Yossef apresentou para a esposa do Potifar?
 
O Rav Chaim ben Atar zt"l (Marrocos, 1696 - Israel, 1743), mais conhecido como Or HaChaim Hakadosh, explica que Yossef argumentou com a esposa do Potifar já prevendo qual seria a resposta dela. Quando ele mencionou que não queria trair a confiança de Potifar, ele sabia que o argumento da esposa do Potifar seria que o seu marido não precisava saber de nada, isto é, não haveria nenhum problema em manterem um relacionamento secreto e não haveriam consequências negativas. Por isso, Yossef acrescentou o argumento da transgressão aos olhos de D'us, já que o adultério está incluído entre as sete Mitzvót de Bnei Noach. Yossef estava ensinando à esposa do Potifar que seu marido não ficar sabendo do segredo dependia da Supervisão Divina, isto é, seria necessário a ajuda de D'us para que tudo desse certo, mas D'us somente ajuda as pessoas corretas e honestas, não os transgressores. Portanto, não haveria nenhuma garantia de que o Potifar nunca descobriria e que não haveriam consequências negativas caso eles transgredissem.
 
Já o Rav Yochanan Zweig, citando o Gaon MiVilna zt"l (Lituânia, 1720 - 1797), explica o versículo de outra maneira. Ele ensina que o objetivo final de um judeu é se comportar como o Criador do mundo, em Sua bondade infinita, misericórdia e perfeição. Portanto, o objetivo principal da observância das Mitzvót é desenvolver no povo judeu valores éticos e morais. As Mitzvót ajudam a refinar a sensibilidade da pessoa, permitindo que ela viva uma vida de fortaleza moral e integridade. Somente desta maneira um judeu pode refletir os atributos de seu Criador. O objetivo da vida de um judeu é, portanto, se comportar em seus atos como o Criador do mundo.
 
Assim conseguimos entender o que Yossef estava transmitindo para a esposa do Potifar. Ele estava principalmente preocupado com o fato de que cometer adultério seria uma traição à confiança que seu mestre havia depositado nele. Essa violação indicaria uma completa falta de integridade e de valores morais, o oposto de se assemelhar a D'us. Já a violação das leis de Bnei Noach também era obviamente algo grave, mas era apenas uma preocupação secundária para Yossef, já que estas leis garantem que os seres humanos não se "engulam vivos" e tenham um mínimo de bons modos e respeito, mas não exigem que uma pessoa seja "semelhante a D'us" e não inserem na pessoa a sensibilidade para que desenvolvam um comportamento exemplar de moralidade. No entanto, ser descendente de Avraham, Yitzchak e Yaakov exige um comportamento mais elevado. Ver o rosto de seu pai em uma visão lembrou Yossef de suas raízes e enfatizou sua obrigação de agir de maneira que refletisse sua missão na vida: se assemelhar ao seu Criador em todos os seus atos.
 
As ações de um judeu não devem ser dirigidas apenas pelo que é permitido ou proibido. Mais importante do que isso é a pessoa ser guiada pelo requisito de ser uma pessoa moral e ética, pois é isso o que D'us exige de nós. Este conceito se conecta com a próxima parada do Calendário Judaico, a nossa Festa de Chanuká, que começaremos a reviver na próxima quarta-feira de noite (25/dez/24). Em Chanuká revivemos a nossa vitória sobre o Império grego. Porém, a luta não foi apenas uma batalha física, foi principalmente uma batalha espiritual, a luta entre duas filosofias. Segundo os gregos e sua cultura helenista, o mais importante é obter prazeres na vida, eternizado no conceito do "Carpe Diem" (aproveite o dia). Neste sistema, o prazer está acima dos valores morais e, portanto, não é necessário desenvolver nenhum tipo de autocontrole ou sensibilidade. Se te dá prazer, faça. É justamente o oposto do que D'us espera de nós. As Mitzvót nos ajudam no autocontrole, na internalização dos valores morais, nos ensinam a abrir mão de prazeres em prol de fazer o que é correto. Essa guerra espiritual continua. Nossos antepassados venceram a luta deles, mas agora a "tocha" está em nossas mãos. Que possamos ter a força para vencer nossos desejos, e que nossos valores morais estejam sempre assim de tudo.

SHABAT SHALOM E CHANUKÁ SAMEACH

 R' Efraim Birbojm

 

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